Consciência, Meditação, Prática

Mantra OM

Em texto anterior falei dos mantras como sons de poder. Nesse artigo, vou direcionar e aprofundar no mantra OM, brevemente mencionado nesse mesmo texto.

A música é muito forte na Índia, sendo que ela está bem associada à espiritualidade. E não é uma arte abstrata, mas energia atuando constantemente dentro de nós. E como diz o velho ditado, “quem canta os males espanta”.

A voz é um meio potente de expressão, principalmente da energia cósmica. E esta força está associada ao Om, que está associado a Brahman.

Nos Upanishads, escritura antiga e parte final dos Vedas, também conhecida como Vedanta, o Om é apresentado como “A sílaba OM, que é o imperecível Brahman, é o Universo. Seja o que for que já tenha existido, seja o que for que exista, seja o que for que vá existir daqui para frente, é OM. E seja o que for que transcenda o passado, o presente e o futuro, também é OM.”

Mais conhecido como o Som Primordial da Vibração Cósmica, o sagrado mantra sânscrito OM, é considerado a energia por trás de toda a criação, contendo dentro de si toda a linguagem, letras, sons e outros mantras, representando a união com o divino, tornando-se o vínculo entre a consciência humana e a consciência cósmica. Os Vedas descrevem como o poder vibratório utilizado para criar e sustentar todo o universo, sendo diferentes frequências do OM e sendo este, como a causa de todas as atividades e forças vibratórias.

Em sua entoação correta, tem o poder de estimular os vários corpos do ser humano. São 3 sons e meio que resultam em 3 ações separadas, sendo o primeiro o mundo manifesto, o segundo o mundo imanifestado e o terceiro o mundo não-manifesto. O meio som de OM é o silêncio, o objetivo final. O conceito do absoluto, da suprema realidade, da consciência cósmica, é apreendida na experiência concreta proporcionada pelo mantra OM. Em sua entoação repetida, normalmente realizada com o japamala, pode produzir um estado de presença, de consciência, abrindo uma via de acesso para o despertar, acessando o Ser real, e assim, te levar a um estado de maior conexão, clareza, bem-estar, em paz consigo mesmo e com a vida.

É o som do infinito e a semente que dá vida aos outros mantras. É constituído por três letras: A, U e M. As letras A e U formam a letra O, por isso a pronúncia normalmente é OM. As três letras são a representação dos três estados de consciência humana: vigília (estado desperto – nível físico), sonho (estado sutil) e sono profundo (o mundo causal). Uma quarta sílaba, o silêncio que existe entre as entoações, representa um estado que transcende as outras três, a consciência pura, a realidade que vai além do tempo e do espaço. Ele carrega também os cinco elementos do universo – terra, fogo, ar, água e éter.

Na representação da figura acima, Maya separa o ponto das outras curvas. É a ilusão de maya que cria obstáculos nas nossas realizações de estados mais altos de nossa consciência. Maya só afeta os estados de consciência inferior (as curvas embaixo), nos separando da realização do ser, nos mantendo na ilusão, na dualidade.

Sendo o principal mantra, sua pronuncia deve ser realizada com profundidade e com sentimento e plena compreensão do significado, pois tem como finalidade colocar a consciência individual em sintonia com a cósmica, favorecendo estados de consciência superiores e contato com a fonte de toda a vida universal. Posicionar-se em postura ereta, favorece a movimentação do ar no tórax e contribui para percepções mais sutis dos estados de consciência e equilíbrio interior.

Na posição ereta, sentado confortavelmente, durante a entoação em repetição, você sentirá que as vibrações iniciam na região do umbigo e sobem gradualmente até a cabeça. Ao finalizar uma sequência de japamala (108 vezes), permaneça em silêncio e continue na vibração do OM, mentalmente, sentindo sua energia percorrendo seu corpo. A respiração deve seguir durante o mantra de forma profunda e regular. O mantra é entoado durante a exalação, com naturalidade. Para isso, procure estar em assento confortável e corpo relaxado. O som começa com a boca aberta e a garganta relaxada, emitindo o som da letra “O” de forma contínua até o “M”, fechando suavemente os lábios e mantendo o som dessa letra prolongado, gradualmente diminuindo o som e sua intensidade até sumir por completo.

Há várias formas de entoar o mantra OM e sua experiência vai revelando os caminhos. A utilização do japamala é muito comum tanto na meditação individual como na realizado em grupo. Sempre ao término de um mala é importante que se faça a permanência em silêncio para a percepção das sensações sobre os corpos. A prática possibilita limpar os bloqueios nas cordas vocais e no chakra Vishuddha (garganta) e em seguida, purificação do corpo físico, os demais chakras e o campo áurico. Quando praticado diariamente, preferencialmente pela manhã ou antes de dormir, durante um período de 30 a 40 dias, em repetições com japamala (108 vezes), purificam a consciência, os pensamentos, as impressões negativas da mente, aumentando a vitalidade com a abertura dos canais densos e sutis e desperta as energias que promovem saúde e cura.

Ale Teixeira (Yoga Vivência)


Referências:

Os Upanishads (Swami Praghavananda e Frederick Manchester)

Meditando com o Yoga (Stephen Sturgess)

Ayurveda – A Ciência da Longa Vida (Dr. Edson D’Angelo e Janner Rangel Côrtes)

Cadernos de Yoga – 10 Outono 2006 – Mantras e música clássica da Índia por Inês Lombardi

Livro de ouro dos mantras (Otávio Leal)


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