Consciência, Corpo e Mente, Estilo de vida, natureza, Saúde, yoga vivência

Em comunhão

Na natureza encontro o sagrado, a ordem perfeita da vida, da abundância, do equilíbrio, da harmonia, da cura. Quando me retiro para a natureza, em contemplação, buscando um momento de autoestudo, me refaço em corpo, mente e energia, encontrando um caminho de cura.

O Yoga me ensinou a parar…

Parar os pensamentos desordenados e acelerados, a raiva, sentimentos negativos, a tentativa de controle, de resistir.

Ao mesmo tempo, o Yoga me ensinou a estar em constante movimento consciente, em harmonia com a natureza, com o sagrado. Quando estou na Natureza, retorno para o sagrado em mim e as dores e desconfortos vão se desfazendo, me realinhando na ordem perfeita da criação.

Mas estar na natureza com esse propósito não é um passeio. Esse momento requer disciplina, aceitação e entrega. Requer ouvir com o coração cada momento da contemplação. Usar os sentidos para entrar e reter os sentidos para se encontrar no sagrado.

É simplesmente despir-se de quem acredito ser para entrar em comunhão com quem realmente sou.

“A natureza sempre foi uma fonte de inspiração profunda e infalível para o homem. (…) A contemplação de sua beleza e sublimidade, de sua majestade e grandeza, tem o efeito de arrebatar o homem à esfera da alegria e do êxtase transcendentes. Ela desperta suas mais profundas energias criadoras. (…) Pela contemplação da essência de um determinado objeto da natureza, pode-se, afinal, estabelecer contato com a base de tudo que existe. (Haridas Chaudhuri – Yoga Integral).

Quando crianças, somos estimulados a seguir – padrões de conduta, religião, estilos, ordens, sistemas – crenças. Somos estimulados a olhar para fora e acreditar no que está sendo apresentado. Somos punidos ou rejeitados se não seguimos a condução imposta como “verdade”.

Nossa sensibilidade não é retirada. Mas, encoberta por um véu. E quando somos estimulados no sentido inverso das crenças limitantes, nos deparamos com o sentir mais profundo. Não com a pele, os olhos, a boca, as narinas, os ouvidos, que reconhecem os “conceitos” que a mente interpreta baseada em crenças. Quando se permite contemplar o momento presente, retirando formas e conceitos, se permitindo a observação passiva sem julgamentos, abre-se um espaço imensurável de possibilidades dentro de si. Nesse momento entramos em comunhão com o universo, com a criação – somos um. Descobrimos o poder interno de conexão com a existência, nos libertando do ego, do sofrimento e manifestamos a natureza real.

A experiência se faz necessária e estamos vivendo as relações para explorar o melhor da nossa vivência espiritual. Nossas relações mundanas – material são necessárias porque somos humanos – corpo físico, denso, matéria. E o Yoga nos diz que não somos a mente. Mas, estamos limitados quando só enxergamos a matéria, a mente.

Nossa experiência atual é imediatista, individualista, de aparências, concorrência, com o tempo determinando nossas ações. Buscamos liberdade nos prendendo em padrões. Buscamos independência nos escravizando nas crenças imposta pelo sistema. E quanto mais estressados o ser humano estiver, menos se dará conta da manipulação. Porque o estresse não nos deixa sentir e quando em desequilíbrio, os remédios servem para anestesiar no sentido de acalmar, mas também, retirar nossa capacidade de ação, de agir por nós mesmos.

A palavra consciência é interpretada no Google, versão mais utilizada para pesquisar o sentido das palavras como:

  1. Sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior.
  2. Sentido ou percepção que o ser humano possui do que é moralmente certo ou errado em atos e motivos individuais.
    1. “agiu conforme sua c.”

Agiu conforme sua consciência… Vontade? Crenças? Ego? Padrões?

Ou, como na primeira opção, se coloca como sentimento ou conhecimento que permite a experiência do mundo interno.

Na visão de Krishnamurti, retirado do livro Seleta de Jiddu Krishnamurti:

“A consciência, de certo, é um processo de reação a um estímulo a que chamam de experiência.”

“Se olharmos o conteúdo da consciência, encontraremos recordações, temores, ansiedades, o eu creio e o eu não creio, todos produtos do tempo. E o pensamento diz que isso é tudo que tenho, que devo protege-lo, defende-lo…”

“A consciência, tal como a conhecemos, pertence ao tempo, é um processo de registro e acumulação de experiências.”

“… a maioria de nós funciona apenas a nível consciente na camada superficial da mente, e toda a nossa vida … se limita a isso. Vivemos na chamada mente consciente e nunca damos atenção à mente inconsciente, mais profunda, da qual vem ocasionalmente uma mensagem, uma sugestão; mas essa sugestão não é atendida, ou é adulterada…”

“Nossa consciência, que somos nós mesmos, está tão apinhada de ideias de outras pessoas, apinhadas de nossos próprios conceitos e conclusões, de nossos temores, ansiedades, prazeres, ocasionais lampejos de alegria e dor… Essa é nossa consciência, isso é o que somos… Esse tem sido o padrão da nossa existência.”

C R E N Ç A S     

“E parece que, se sairmos de um canto desse campo e formos para o outro canto, achamos que houve em nós uma grande mudança, mas essa mudança ainda se dá no mesmo campo… Enquanto vivermos no limite dessa área que chamamos consciência… não haverá nenhuma transformação humana fundamental.”

O meio em que vivemos interfere ou conduz nosso comportamento que está associado a padrões ou crenças. Ou mesmo, nos conduz a novos padrões, crenças e condicionamentos por vezes limitantes. Da mesma forma, somos capazes de intervir no meio, no campo. E o que nos limita a mudar esse campo ou sair dele, quando não mais condiz com nosso despertar? Quando crenças já não dialogam com a nossa luz interna?

Na visão do Yoga, consciência é Atma – luz própria e contínua. Não é o que você acha que é. Porque o que achamos está a nível da mente e esta não tem luz própria e precisa da consciência para existir. Nossa natureza real é consciência e ela existe constantemente, sempre presente, pois é completa em si mesma, não necessita do corpo. Atma é a Presença em torno da qual se auto organiza o corpo-mente.

Você sabe que existe e isso por si só já lhe dá a capacidade de se libertar ou sofrer. Estamos constantemente sujeitos a mudanças e transformações a nível da matéria, tendo a impermanência como caminho a ser contemplado. Por isso, se nos fixamos em crenças e padrões, ficamos vulneráveis nas diversidades das relações, as quais não temos controle. E quanto mais controle buscamos ter sobre os aspectos variados da vida, mais estresse e caos internalizamos e somatizamos em nosso corpo físico-mental-emocional.

A experiência é necessária e estamos aqui para dar cada passo. E em cada passo escolhemos nossas ações, nossa direção. O Yoga é o conhecimento da Vida, que nos proporciona a experiência a nível mental e espiritual. Onde somos levados a desenvolver o corpo e visualizar ele como um universo de muitas possibilidades, um território sagrado que deve ser conduzido por cada um de nós.

Nesse reconhecer corpo-mente e entender que não estamos limitados a matéria, nos leva a conexão com o Todo, com o Sagrado, dentro e fora. Elevando-se a esse nível de percepção mais profunda, mais ampla e livre de crenças, deixamos de achar que somos o que pensamos, sentimos e desejamos e reconhecemos nossa real natureza – CONSCIÊNCIA.

“A mente não busca verdadeiramente o conhecimento, embora o faça em aparência – ela busca remoer. Sua necessidade de conhecimento é, antes de tudo, uma necessidade de ter o que remoer. (…) Em nós, não é a mente que procura conhecer e progredir, mas algo que se encontra por detrás e que dela se serve.” (Sri Aurobindo ou a aventura da consciência).

A mudança está definitivamente dentro de você. Recrie o espaço que você ocupa no mundo. O planeta está mudando. E você também. A nível pessoal, o que está realizando hoje por você?

No decorrer da nossa vida, aprendemos e nos aperfeiçoamos em muitas coisas. Mas, ainda nos falta habilidade para lidar com nós mesmos. Nos falta o reconhecer em profundidade, nas emoções contidas e não expressas, nos pensamentos estabelecidos e condicionamentos reducionistas, que nos impedem de sentir pela nossa própria essência. O caminho realizado a partir do conhecimento do Yoga, nos ajuda a clarear nosso olhar sobre a nossa própria natureza, pois ele nos inclui e nos chama a construir conscientemente a nossa passagem pela vida, em harmonia e equilíbrio com o Todo.

Namastê

Ale Teixeira



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